Zezito Guedes adotou nome artístico dado pelo amigo Ariano Suassuna
09/12/2025
(Foto: Reprodução) Zezito Guedes é nome artístico de José Gomes Pereira e foi dado por nada menos que o Ariano Suassuna, em um encontro dos dois, em Recife, em 1974.
Autor de o Auto da Compadecida, Suassuna disse a Zezito Guedes, morto nesta segunda-feira (8), em Arapiraca, aos 89, que precisava adotar o apelido para a carreira de historiador e pesquisador cultural. Conforme a família contou ao g1, até então, ele não pensava em mudar de nome.
Morre em Arapiraca o pesquisador da cultura popular Zezito Guedes, aos 89 anos
“Aquele encontro com o Ariano Suassuna mudou essa perspectiva. Até aqui em Arapiraca, poucas pessoas o conheciam pelo verdadeiro nome, José Gomes Pereira. Todos só sabiam quem era o Zezito Guedes. Meu avô ficou muito feliz com o apelido dado pelo amigo dele, o Suassuna, e isso o acompanhou pelos anos de vida que se dedicou a contar a história de Arapiraca, ele era um apaixonado por essa terra”, declarou ao g1 José Gláucio, neto de Zezito Guedes.
Zezito Guedes
Arquivo Pessoal
Além de historiador e pesquisador, Zezito Guedes era escritor, escultor, artista plástico e foi membro fundador da Academia Arapiraca de Letras e Artes (Acala), além de ter sido reconhecido como patrimônio da cultura alagoana pela Secretaria de Estado da Cultura de Alagoas (Secult).
Entre as obras de relevante importância para Arapiraca e Alagoas escritas por Zezito Guedes estão ‘Arapiraca Através do Tempo’ e ‘Cantigas das Destaladeiras do Fumo de Arapiraca’, entre outros livros.
Zezito Guedes deixa quatro filhos, nove netos, um bisneto e um legado que seguirá gerações. Suas obras contribuíram não só para o registro da cultura fumageira ou do desenvolvimento de Arapiraca, colocou a capital do Agreste para ser conhecida por todo o país.
Perda da esposa na covid-19
Ainda conforme o neto de Zezito Guedes, o Alzheimer foi a causa principal da morte do historiador. A doença começou a aparecer ainda na covid-19, em 2020, quando ele perdeu a esposa, Maria Vilma Pereira, que morreu por conta do vírus, aos 81 anos.
A morte da companheira de mais de 50 anos de vida foi um grande abalo emocional para Zezito Guedes.
“De alguma forma, ironicamente, a doença do meu avô acabou mantendo-o por aqui mais tempo porque se estivesse consciente, com certeza, acredito que ele não teria aguentado viver sem a esposa, sem minha avó. Já acometido do problema, perguntava por ela, e a gente dizia que ela havia ido ao Centro, algo do tipo, e logo ele esquecia”, revelou José Gláucio.