'Respirar é um presente': últimas mensagens de jovem que morreu após superbactéria no pulmão alertavam sobre vape
23/11/2025
(Foto: Reprodução) Jovem que morreu após superbactéria no pulmão alertou sobre uso de vape na web: 'respirar é um presente'
Redes Sociais
Nayara Alves Meng, de 28 anos, morreu de parada cardíaca após quase três meses internada em Santos, no litoral de São Paulo, devido a uma superbactéria no pulmão. Antes de morrer, ela fez publicações nas redes sociais alertando sobre os riscos do uso de vape (cigarro eletrônico) para a saúde respiratória e deixou a mensagem marcante: “Respirar é um presente.”
Moradora de São Vicente, Nayara morreu na noite da última quarta-feira (19), no Hospital dos Estivadores, em Santos. Em 10 de outubro, ela havia compartilhado nas redes sociais detalhes sobre o tratamento no pulmão, alertando sobre os riscos do cigarro eletrônico.
"Aprendendo, da forma mais dura, o quanto o vape destrói o que temos de mais precioso: o ar que nos mantém vivos. No começo parece inofensivo, moderno, até 'melhor que cigarro', mas não é", afirmou.
✅Clique aqui para seguir o canal do g1 Santos no WhatsApp.
No alerta, a jovem afirmou que o vape machuca o corpo aos poucos: “Quando percebemos, já estamos lutando para respirar o que antes era natural. Se eu puder te pedir algo, é: pense com carinho em você. Respirar é um presente.”
Jovem que morreu após superbactéria no pulmão alertou sobre uso de vape nas redes sociais
Redes Sociais
Pouco depois, ela afirmou que o vape trouxe algo que nunca havia imaginado: um pulmão doente e dias lutando para respirar.
"Nada que te tira o ar vale a pena. Cuide agora do que o arrependimento não vai curar depois".
Nayara disse, ainda, que as mensagens não eram para assustar, mas sim alertar. "A saúde é um presente que a gente só entende o valor quando começa a perdê-la. Se eu puder ajudar alguém com minha experiência, quero que saibam: vape é perigoso e não vale a pena".
Procura por tratamento
Jovem de 28 anos morreu após superbactéria no pulmão, em Santos (SP); uso de vape prejudicou tratamento
Redes Sociais
A irmã, Talita Leôncio Meng, contou que os problemas começaram em abril, quando a jovem passou a apresentar tosse intensa, dificuldade para respirar e febre.
Na época, ela procurou atendimento no Hospital Municipal de São Vicente, antigo Crei, onde recebeu diagnóstico de princípio de pneumonia e foi liberada com antibióticos. Com a piora, retornou à unidade, quando houve suspeita de tuberculose. Novamente medicada, recebeu outro tratamento para seguir em casa.
Em junho, com os sintomas agravados, Nayara foi atendida no Pronto-Socorro Central de Praia Grande, internada e depois transferida para o Hospital Irmã Dulce, onde ficou 30 dias. Uma tomografia apontou uma massa no pulmão, sem sinais de tumor, sugerindo abscesso. A biópsia chegou a ser solicitada, mas acabou descartada por outro médico.
Segundo a irmã, os médicos realizaram drenagem de líquido dos pulmões, o que trouxe melhora temporária e permitiu a alta hospitalar. No entanto, dois dias depois, Nayara voltou a piorar e precisou buscar atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Central de Santos.
Internação de quase 3 meses
Nayara ficou dez dias na UPA até ser transferida para o Hospital dos Estivadores, onde iniciou tratamento intensivo. Segundo Talita, os exames revelaram uma bactéria no pulmão que evoluiu para superbactéria, já que os tratamentos anteriores acabaram fortalecendo o microrganismo.
Na unidade, Nayara foi submetida a uma biópsia, cujo resultado só ficou pronto no dia em que morreu. Também foram realizados testes para doenças autoimunes. Talita destacou que, antes do episódio, a jovem “vendia saúde”, sem histórico de problemas graves.
Em 15 de novembro, Nayara piorou e precisou ser entubada. Três dias depois sofreu uma parada cardíaca, revertida pela equipe médica. Na quarta-feira (19), foi reanimada duas vezes, mas na última não resistiu e morreu.
Jovem de 28 anos morreu após superbactéria no pulmão, em Santos (SP); uso de vape prejudicou tratamento
Redes Sociais
Uso do vape e negligência médica
Talita contou que a irmã usava vape e narguilé desde 2021. Segundo ela, os médicos não relacionaram a gravidade ao cigarro eletrônico, embora tenham dito que o uso poderia ter “ocasionado alguma lesão no pulmão”, algo que a própria Nayara também acreditava.
Para Talita, ainda que a bactéria não tenha sido provocada pelo vape, o uso constante deixou o pulmão fragilizado e incapaz de resistir à superbactéria.
Em desabafo, afirmou: "Não foi o uso do vape apenas que levou você de nós. A negligência, a falta de diagnóstico e assistência médica dos municípios de São Vicente e Praia Grande terminou de te adoecer. Foram meses consumindo antibióticos errados e fortalecendo essa bactéria que enfraqueceu seu coração e, após três paradas cardíacas, você nos deixou. Você foi guerreira e lutou até o fim".
Posicionamentos
Procurada, a Prefeitura de São Vicente informou que atendeu Nayara em 31 de agosto, seguindo protocolos do Ministério da Saúde. “Na ocasião, a paciente passou por avaliação completa (...) os resultados dos exames não mostraram sinais de gravidade, nem indicaram necessidade de internação imediata”, disse, em nota.
A administração municipal acrescentou que Nayara não apresentava sintomas que justificassem internação e que a morte ocorreu quase três meses depois. “Nesse intervalo, a condição clínica da paciente pode ter evoluído, como ocorre em diversas doenças respiratórias de evolução prolongada”.
O g1 também acionou a Prefeitura de Praia Grande, mas não obteve retorno até a última atualização.
Veja também:
Um novo estudo mostra que o cigarro pode estar de volta porque adolescentes que usam o vape têm 30 vezes mais chances de começar a fumar o cigarro comum. Confira as informações abaixo no vídeo feito pelo g1:
O vape está trazendo o cigarro de volta?
VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos