Peixes da Amazônia S.A. é arrematada por mais de R$ 13 milhões no Acre
28/11/2025
(Foto: Reprodução) Além das instalações físicas, a venda inclui máquinas, equipamentos, móveis e utensílios da Peixes da Amazônia
Divulgação/Secom
Após três tentativas, complexo industrial Peixes da Amazônia S.A. foi arrematado por mais de R$ 13 milhões em leilão que começou na quarta-feira (26) e seguiu até a manhã desta sexta (28).
Avaliado inicialmente em mais de R$ 19 milhões, incluindo os bens móveis e imóveis, o grupo empresarial OZ Earth arrematou a indústria com lance de R$ 13.151.000. Este foi o terceiro leilão promovido para vender o complexo.
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Ao g1, um dos sócios do grupo, que pediu para não ser identificado, disse que os novos proprietários têm interesse em reativar o polo, que chegou a ter capacidade de produção em 12 milhões de alevinos por ano.
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"Eles não pretendem desmontar nem levar os equipamentos que estão no lugar para fora do estado", resumiu.
Segundo o juiz Romário Divino Faria, da Vara Cível de Senador Guiomard, o imóvel com área de mais de 60 hectares poderá ser parcelado com entrada de 50% do valor total, e o restante, pago em até 24 meses. A arrematação parcelada deverá ser garantida por hipoteca sobre o próprio imóvel.
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O local conta ainda com laboratório de alevinagem, frigorífico, fábrica de ração para peixes e cerca de 122 tanques e o perímetro total do lote é de 4.251,83 metros. A venda incluiu máquinas, equipamentos, móveis e utensílios da massa falida, que dão um valor total avaliado em mais de R$ 7 milhões.
Foram feitos 74 lances conforme o edital, e seguiram a escala abaixo:
26 de novembro: lance mínimo para arrematação em mais de R$ 19 milhões;
27 de novembro: lance mínimo em mais de R$ 10 milhões;
28 de novembro: [último dia de leilão] lance mínimo em R$ 9 milhões.
Determinações
Em agosto desse ano, a Justiça do Acre havia determinado a venda, em bloco único, do complexo e demais ativos. Já em novembro de 2024, a Justiça decretou a falência da empresa, que tinha entrado com processo de recuperação, mas descumpriu o plano estabelecido, deixando de pagar credores e até mesmo os honorários do administrador judicial.
Ainda na decisão, o juiz pontuou que a venda fosse feita na modalidade ad corpus, ou seja, no estado de conservação e funcionamento em que se encontram, não cabendo qualquer reclamação posterior em relação a vícios, defeitos ocultos ou diferenças de metragens.
Falência
Em 11 de novembro de 2024, a Justiça do Acre decretou a falência da empresa. Segundo a decisão, o complexo industrial da empresa havia sido furtado diversas vezes, em razão do estado de “total abandono das instalações físicas, o que reafirma a ausência de qualquer sinal de recuperação da Peixes da Amazônia S.A.”.
À época, o juiz também considerou a manifestação do Ministério Público do Acre (MPAC), apontando que o comportamento da empresa, registrado nos autos do processo, “beira o descaso” para com o procedimento de recuperação judicial formulado e homologado pela justiça.
Complexo tinha 2,5 mil produtores
Criada em 2011, empresa do setor público-privado tinha como sócios o próprio executivo através da Agência de Negócios do Acre (ANAC), e a Central de Cooperativas dos Piscicultores do Acre (Acrepeixe), que detinha 25% das ações e representava 2,5 mil famílias de pequenos piscicultores da região.
O complexo de piscicultura foi inaugurado em 2013 na gestão Tião Viana (PT) em uma cerimônia que contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ao passar dos anos, o negócio se tornou uma grande potência econômica.
Em 2017, o governo do estado chegou a anunciar o interesse de um grupo de investidores estrangeiros na empresa. Naquele ano, além dos 2,5 mil produtores, o complexo tinha mais de 200 funcionários.
Entretanto, a situação da Peixes da Amazônia S.A, acabou mudando e em 2018, ela entrou em processo de recuperação judicial. Naquele ano, a dívida da empresa era estimada em R$ 12 milhões, a maior parte por causa de empréstimos bancários e dívidas trabalhistas.
Uma reportagem publicada pelo g1 em 2020 mostrava que o Acre havia saído de uma produção de 8,5 mil toneladas de peixe em 2018 para 4,4 mil toneladas em 2019, uma redução de 48%. Os dados constavam em um estudo publicado no Anuário Brasileiro de Piscicultura (Peixe BR).
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