Museu conta história de cidade no Ceará que antecipou o fim da escravidão
20/11/2025
(Foto: Reprodução) 20 de novembro é o dia da Consciência Negra
No dia da Consciência Negra, a gente mostra um museu que conta a história da cidade cearense que libertou as pessoas escravizadas cinco anos antes da Lei Áurea.
Um engenho em Redenção, a 60 km de Fortaleza, está do mesmo jeito desde o fim do século XIX, quando os escravizados deixaram a senzala, que agora é preservada para mostrar o sofrimento dos negros naquele período.
"Ele era posto de frente ou de costas e levava de 50 a 60 chicoteadas por noite", conta um funcionário do museu.
"Aquele sentimento, realmente, de opressão, de direitos negados”, diz o estudante Antônio Darlan Silva de Oliveira.
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Jornal Nacional
"A gente lendo um livro, a gente tem uma noção. Mas, quando a gente lê um livro e vem aqui ao Museu Senzala e praticamente sente tudo aquilo que passou na vida dos escravizados, os visitantes têm outra visão”, diz o monitor do museu Francisco Jonas da Costa Souza.
Hoje, Redenção é um dos maiores exemplos de convivência com jovens de países da África. Eles vêm para um intercâmbio cultural, educacional e científico na primeira universidade federal voltada à integração dos países de língua portuguesa.
Marta Bengue Quizembo é da Angola e faz mestrado no curso de Humanidades da Unilab.
"O modo como esses escravizados foram levados, tirados da África aqui para o Brasil e outros lugares das Américas. Essa parte não nos é contada na escola. A escola conta simplesmente que nós tínhamos línguas dispersas, que o colono veio para unificar a língua portuguesa, para civilizar. Então, é comum encontrar elementos na sociedade que ainda não saibam identificar os males que a colonização trouxe para a nossa realidade social”, afirmou Marta.
Edson Holanda, professor da Unilab e doutor em História Social, diz que o intercâmbio que acontece é uma reparação histórica tão importante quanto necessária:
"A gente está recebendo novamente essas pessoas, mas só que não mais no sentido de explorar como foi no passado. Mas compartilhando também essa possibilidade de inclusão, de acesso ao ensino. Então, de um certo modo, quase 100 anos depois, a gente tem uma iniciativa que vai tentar completar esse processo de abolição que, de um certo modo, ficou inconcluso lá no final do século XIX”.
