Lula trata como certa reunião com Trump na Malásia e lista pontos que pretende negociar
24/10/2025
(Foto: Reprodução) Luiz Inácio Lula da Silva tratou como certa reunião com Trump na Malásia durante coletiva de imprensa na Indonésia nesta sexta-feira (24). A expectativa é de que Lula se encontre com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em Kuala Lumpur, no domingo (26).
Lula embarca hoje para a Malásia, para participar de encontro com líderes asiáticos. O presidente cumpre a segunda etapa de uma viagem de uma semana pela Ásia participando da Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), que começou pela Indonésia.
🔎 A Cúpula da ASEAN é o evento em que as principais lideranças do bloco formado por 10 países do sudeste asiático se reúnem para discutir cooperação regional, crescimento econômico e estabilidade em seus territórios. Participam desse bloco países como Filipinas, Indonésia, Malásia, Singapura, Tailândia e Vietnã.
Ao responder o correspondente internacional da TV Globo, Felippe Coaglio, o presidente afirmou que reunião é esperada há um tempo e que 'sempre disse que, quando Trump quisesse conversar, o Brasil estava à disposição'.
Ele disse que tem não tem nenhum assunto vetado que possa ser tratado no encontro, mas que pretende discutir principalmente o comércio e punições aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
"Tenho todo interesse nessa reunião, mostrar que houve equívoco nas taxações, mostrar com números", disse o presidente.
Lula diz que acredita que 'relação humana é química' e que fazer de forma digital não tem o mesmo resultado que pessoalmente: "olho no olho, pegar na mão, abraçar a pessoa".
Depois da ligação, Lula acredita que estão caminhando para mostrar que não há divergência que não possa ser resolvida quando duas pessoas sentam na mesa para conversar.
Para o presidente brasileiro, será uma reunião livre, sem assunto proibido, e que eles podem dizer o que quiser, e também ouvir o que não quiser. "Convencido que vai ser bom para o Brasil e para os Estados Unidos, vamos voltar à nossa normalidade", afirmou Lula.
Às vésperas do possível encontro com Trump, Lula criticou o protecionismo e voltou a defender o comércio com moedas próprias, sem uso do dólar, durante agenda em Jacarta, na Indonésia. O tema é um dos pontos que está sobre a mesa na negociação com os EUA.
Segundo o blog do jornalista Valdo Cruz, Trump quer que Lula abandone a ideia de substituir o dólar em transações do Brics.
Se confirmado, será o primeiro encontro oficial entre Lula e Trump desde o início da crise provocada pelo tarifaço de 50% aplicado pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. Ele disse que os EUA também estão sentindo os impactos da taxação, como no valor da carne e do café.
Lula reforçou que é uma relação de cerca de 200 anos e que não há porque continuar assim. Espera conversar sobre as acusações usadas pelos EUA como justificativa nas taxações, que Lula afirma serem inverídicas.
“Se não soubesse que há a possibilidade de acordo eu não participaria dessa reunião.“
🔎 Os dois presidentes vêm se aproximando desde setembro. Primeiro, tiveram uma "boa química" nos segundos em que se cruzaram na Assembleia da ONU. Depois, conversaram por cerca de 30 minutos em uma ligação intermediada pelas diplomacias dos dois países.
Outro sinal de aproximação foi o encontro, o último dia 17, do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e do secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio.
Apesar da expectativa de haver acordo durante o encontro, Lula reforçou que processo leva tempo e que os negociadores do Brasil - Geraldo Alckmin, Fernando Haddad e Mauro Vieira - tratarão com os representantes dos EUA.
Ele também disse que terão outros 10 países na reunião que tem interesse em se aproximar e também afirmou que trabalha para o Brasil ser membro da ASEAN.
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião bilateral com o Secretário-Geral da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), Dr. Kao Kim Hourn. Secretaria-Geral da ASEAN
Ricardo Stuckert/PR
Ataques dos EUA à Venezuela
Lula disse que, se Trump quiser, eles tratarão o assunto do narcotráfico e os recentes ataques de Trump à Venezuela.
Para o presidente brasileiro, "se o mundo virar uma terra sem lei, vai ficar muito difícil", pois não concorda que sejam feitos ataques e invasões a outros países com a justificativa de combater o narcotráfico.
"Acho que falta um pouco de compreensão da questão da política internacional", disse Lula sobre a afirmação de Trump de que vai 'apenas matar as pessoas que estão levando drogas para o seu país'.
Lula acredita que o presidente dos EUA não pode apenas dizer que vai invadir e combater o narcotráfico na 'terra dos outros', sem levar em conta a constituição dos países. E novamente afirmou: "se Trump quiser discutir comigo, terei imenso prazer".
COP30 e perfuração da Petrobrás na Foz do Amazonas
O presidente afirmou que, a mensagem que o Brasil quer passar para o mundo, é que somos um dos países com mais energia renovável do planeta, e com gasolina e diesel mais puros que os outros.
Lula defendeu que a perfuração na margem equatoriana ainda é uma pesquisa e, que, entre a pesquisa e a retirada de petróleo, leva muito tempo.
Ele defendeu que a Petrobrás não possui histórico de vazamento de óleo em lugar nenhum e que é uma empresa com 'expertise' para remover o petróleo sem nenhum dano.
"Muito fácil falar do fim do combustível fóssil, mas é difícil a gente dizer hoje quem é que tem condição de se libertar do combustível fóssil. Ninguém tem" afirmou.
Ele acredita que é preciso usar o dinheiro do petróleo para consolidar a transição energética do planeta terra. "A Petrobrás está deixando de ser uma empresa de petróleo para ser uma empresa de energia", segundo Lula.
*Esta reportagem está em atualização.
Na Ásia, Lula volta a falar em moeda alternativa ao dólar e confirma candidatura para eleição de 2026