Lavradora 'ressuscitada' pela Justiça descobriu certidão de óbito em seu nome após morte de irmão: 'Fiquei foi preocupada'
16/09/2025
(Foto: Reprodução) Anatálias Bispo da Silva de 83 anos
Arquivo pessoal/Thamires Pereira
Anatálias Bispo da Silva, de 83 anos, foi dada como morta no cartório de registro após uma confusão com dados na sua certidão de nascimento. Por causa do erro, o irmão dela acabou usando a certidão para tirar o próprio CPF. Assim, os dois passaram a ter o mesmo nome e número de CPF (entenda mais abaixo). Com a morte do irmão, foi emitida uma certidão de óbito no nome de Anatálias e ela teve a aposentadoria bloqueada e ficou sem recursos para comprar seus remédios e alimentos.
"Fiquei foi preocupada porque sem saber como é que eu fazia porque sem dinheiro, doente, não tinha dinheiro para comprar remédio, nem nada para me alimentar, nem comprar o remédio, porque eu tomo remédio controlado. Até hoje eu sofrendo sem ter o benefício para comprar o remédio, nem as coisas para me alimentar", contou a lavradora.
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A lavradora sofre com a doença de Parkinson, hipertensão arterial e depressão. Desde o bloqueio do seu benefício, ela passou a contar somente com a aposentadoria do seu esposo, que também é aposentado como trabalhador rural. Segundo a advogada da idosa, Thamires Pereira, o casal tem sobrevivido apenas com o valor de uma aposentadoria e auxílio dos filhos.
"Aposentadoria dele não está dando para nada, porque as coisa estão todas caras. E ele também adoeceu. E eu ainda compro remédio quando os meus filhos me dão um dinheiro para eu comprar os remédio, porque se eu ficar sem remédio, eu não era mais gente não, pela dor o que eu sinto", disse Anatálias.
Segundo a advogada da idosa, o CPF dela ainda não foi reativado porque, como a sentença saiu há pouco tempo, não houve o trânsito em julgado para que o cartório e a Receita Federal possam cumprir a decisão. Enquanto agurda os trâmites, a lavradora diz estar feliz em conseguiur resolver toda a confusão.
"Eu fiquei foi muito alegre e agradecendo a Deus e quem está trabalhando por mim".
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Lavradora 'ressuscitada'
A lavradora foi "ressuscitada" pela Justiça no dia 4 de setembro de 2025, após o juiz Rodrigo da Silva Perez Araujo, da Vara Cível, dos Feitos da Fazenda e Registros Públicos de Dianópolis, determinar o cancelamento da certidão de óbito dela e regularização do CPF.
No documento, o juiz também decidiu que o cartório deve expedir uma certidão de nascimento em nome do irmão e fazer o registro de óbito dele.
Como a idosa descobriu que o irmão usava a certidão?
Certidão de óbito emitida no nome de Anatálias Bispo da Silva
Arquivo pessoal/Thamires Pereira
A lavradora soube do problema com o CPF quando sua aposentadoria foi cancelada pela primeira vez em 2008. Segundo a idosa, na época, ela foi ao banco sacar o benefício e foi avisada de que ele estava bloqueado. Para resolver a situação, Anatálias procurou o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), onde foi informada de que um homem havia solicitado um benefício previdenciário com o seu CPF.
Anatálias contou sobre a situação a um dos irmãos. Na época, ele disse à irmã que acompanhou um outro irmão para emitir a segunda via de documentos e que ele havia usado a certidão de nascimento dela para fazer as solicitações, pois no documento constava o gênero como masculino.
Em setembro do mesmo ano, a lavradora deu entrada com uma Ação de Retificação de Registro de Nascimento para corrigir o erro da certidão de nascimento. A informação foi corrigida e a aposentadoria de Anatálias foi regularizada no INSS.
Conforme a advogada, em 2015, o irmão da lavradora que usava o mesmo CPF começou a receber o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Sendo assim, ela e o irmão passaram a ser beneficiários do INSS, usando o mesmo número de CPF.
Mas em 2018, o irmão da lavradora morreu e, como ele e a irmã usavam o mesmo número de CPF, foi emitida uma certidão de óbito no nome dela. Na época, o cartório comunicou a morte do irmão ao INSS, que cancelou tanto o BPC dele quanto a aposentadoria de Anatálias.
A lavradora conseguiu reativar seu CPF em 2023, após um pedido feito para a Receita Federal. Conforme o Tribunal, ela também solicitou o cancelamento da certidão de óbito no cartório, mas foi negado depois que o órgão alegou que ela não tinha provas suficientes. Por causa disso, ela teve a aposentadoria bloqueada pela segunda vez.
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