Justiça Federal assume Operação Integration, que investiga Deolane Bezerra e Esportes da Sorte
20/11/2025
(Foto: Reprodução) Justiça Federal assume investigação contra Deolane Bezerra e Esportes da Sorte
O juiz Cesar Arthur Cavalcanti de Carvalho, da 13ª Vara Federal de Pernambuco, decidiu transferir para a responsabilidade da Justiça Federal a Operação Integration, que investiga a empresária e a influenciadora Deolane Bezerra; a mãe dela, Solange Alves Bezerra; e a casa de apostas Esportes da Sorte, entre outros. A operação apura um suposto esquema de lavagem de dinheiro proveniente de jogos de azar.
Na decisão, à qual o g1 teve acesso, o juiz federal Cesar de Carvalho acolheu a tese da juíza Andréa Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal da Capital, que declarou a incompetência da Justiça Estadual diante de possíveis crimes de repercussão internacional, em julho.
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A decisão foi tomada após análise dos 37 procedimentos remetidos pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). Segundo o magistrado, o conjunto de indícios reunidos na investigação revela que a atuação das empresas e pessoas citadas ultrapassa o âmbito estadual.
Cesar de Carvalho afirmou que há elementos que apontam para “pretensa prática de outros ilícitos, de competência da Justiça Federal, com destaque para a evasão de divisas, crimes contra a ordem tributária, lavagem de dinheiro, constituição e integração de organização criminosa”.
Apesar do reconhecimento, o juiz federal apontou que o processo foi encaminhado de forma integral, porém, a competência para julgar a contravenção penal de exploração do jogo do bicho é da Justiça estadual. Em razão disso, foi determinado o desmembramento de parte do processo para ser apurado pelo TJPE.
Com transferência da investigação, o magistrado autorizou que a Polícia Federal continue realizando diligências, que podem incluir novas quebras de sigilo e análises de movimentações financeiras internacionais de 21 investigados, entre eles, Deolane Bezerra e Darwin Henrique da Silva Filho, dono da Esportes da Sorte.
“Autorizo o prosseguimento das investigações pela Polícia Federal, mediante a realização de diligências inerentes à investigação criminal”, disse o juiz federal Cesar de Carvalho na decisão
O g1 procurou a defesa de Deolane Bezerra e da Esportes da Sorte para comentar a decisão, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
Pedidos de arquivamento
Antes do processo ser encaminhado à Justiça Federal, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) pediu, por três vezes, o arquivamento de parte da investigação. O órgão alegou que as apostas esportivas e os jogos online foram legalizados e, por isso, não haveria crime antecedente para justificar a acusação de lavagem de dinheiro.
Ainda segundo o MPPE, a eventual lavagem de dinheiro e evasão de divisas, por envolver operações internacionais, seria de competência da Justiça Federal, não da estadual.
Após uma série de desentendimentos entre a juíza Andréa Calado e o MPPE, a magistrada acabou concordando com o entendimento de que a ação havia extrapolado a competência da justiça estadual.
"Há nos autos indícios fortes e concretos que a atuação das empresas investigadas — notadamente Esportes da Sorte, Pix365, HSF Gaming N.V. e demais holdings e gateways de pagamento — envolve estrutura societária internacional, com sede em países com regime tributário favorecido, como Curaçao e Luxemburgo, movimentação de capitais no exterior, e integração de recursos que podem ter origem em infrações penais federais", afirmou a juíza nos autos do processo.
Deolane Bezerra chegando ao Forum em Recife, em foto de arquivo
Genival Paparazzi / AgNews
A investigação
A Operação Integration foi deflagrada em 4 de setembro de 2024, com o cumprimento de mandados de prisão, incluindo os da influenciadora digital Deolane Bezerra e da mãe dela, Solange Bezerra, e de busca e apreensão em Pernambuco e nos estados da Paraíba, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Goiás.
No mesmo dia, um avião que pertenceu ao cantor Gusttavo Lima foi apreendido no aeroporto de Jundiaí, no interior paulista.
O artista estava na Grécia, para onde havia viajado em 1º de setembro, na companhia de José André da Rocha Neto e Aislla Sabrina Truta Henriques da Rocha, casal de empresários donos da Vai de Bet, também investigado na mesma operação.
Em 15 de setembro, Gusttavo Lima foi indiciado por lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Em 23 de setembro, a juíza Andréa Calado da Cruz decretou a prisão preventiva de Gusttavo Lima e do empresário Bóris Maciel Padilha.
Em janeiro de 2025, Gusttavo Lima e a Vai de Bet foram excluídos do processo.
Em julho de 2025, Andréa Calado negou pedido do MPPE para arquivar a investigação e, em seguida remeteu o processo à Justiça Federal.
Documentos coletados na Operação Integration mostram movimentação de empresa no exterior
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