Júri de acusado de matar esposa grávida e sogros é adiado após réu alegar perda de confiança na defesa em Nova Friburgo
11/12/2025
(Foto: Reprodução) Nahaty Gomes de Mello estava grávida de seis meses quando foi morta junto com a mãe, Rosemary Gomes de Mello, em Nova Friburgo
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O julgamento do tabelião Ricardo Pinheiro Jucá Vasconcellos, de 43 anos, acusado de matar a esposa grávida de seis meses e os sogros em agosto de 2021, em Nova Friburgo, foi adiado na noite desta quarta-feira (11) após o réu afirmar que havia perdido a confiança na Defensoria Pública.
Segundo o Ministério Público, a atitude é vista como um ato claramente protelatório, com o objetivo de adiar a responsabilização criminal que, de acordo com o órgão, Ricardo tenta postergar desde 2021.
Segundo o promotor de Justiça Tadeu Nemer, titular da 2ª Promotoria Criminal ao g1, a atitude do réu teve objetivo claro de adiar o processo.
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“Houve uma divergência entre o acusado e a defesa técnica sobre qual seria a melhor versão defensiva. Isso não é inédito — acontece no Tribunal do Júri com alguma frequência. O acusado tem a versão dele, e o advogado apresenta outras teses possíveis. Mas, neste caso, o senhor Ricardo Jucá alegou ter perdido a confiança no defensor público e optou por destituí-lo, o que o Ministério Público enxerga como um ato claramente protelatório, com o intuito de postergar essa responsabilidade que ele tenta evitar desde 2021”, afirmou Nemer.
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Com a destituição, a juíza responsável informou que o júri será remarcado até março de 2026
Defesa apresentou vídeo da irmã do réu
Durante a sessão, a defesa exibiu um vídeo gravado pela irmã de Ricardo, que é psicóloga. Na gravação, ela faz uma análise do estado emocional dele e afirma que, na semana do crime, o irmão teria demonstrado sinais de surto — dizendo que estava sendo perseguido pela família, que tentaram envenená-lo e que teriam pegado seu celular.
A linha defensiva tenta reforçar a tese de instabilidade psicológica, mas o pedido para reconhecimento de insanidade já havia sido negado anteriormente pela Justiça por falta de comprovação.
Júri havia começado na terça-feira
O julgamento teve início na terça-feira (10) e durou cerca de 16 horas com o sorteio dos jurados e o depoimento de testemunhas. Para evitar interferências externas, os jurados estavam hospedados em um hotel sob acompanhamento da Justiça e escolta policial.
Empresário que morreu baleado pelo genro em Nova Friburgo, RJ, chegou a ficar uns dias internado.
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Relembre o caso
O crime ocorreu na noite de 13 de agosto de 2021, no bairro Cônego, em Nova Friburgo. Segundo a polícia, ao chegar ao local, os agentes encontraram Wellington Gomes Melo, de 75 anos, sogro de Ricardo, baleado e afirmando que havia sido atingido pelo próprio genro. Ele foi socorrido, ficou internado por quase um mês e morreu devido aos ferimentos.
No imóvel, policiais encontraram também o corpo da sogra, Rosemary Gomes da Cunha, de 67 anos, no primeiro andar. No segundo andar, em um dos quartos, estava a esposa do réu, Nahatty Gomes, de 33 anos, grávida de seis meses. A arma do crime — uma pistola Glock 9mm — foi localizada ao lado do corpo.
Ricardo foi preso em flagrante no local. Apesar de ter alegado, no trajeto até a delegacia, que havia sofrido um “transtorno psíquico”, laudos psiquiátricos produzidos durante o processo concluíram que ele estava lúcido no momento dos homicídios e não apresentava sinais de psicose.
Com a morte das três vítimas, Ricardo responde por feminicídio, aborto, homicídio qualificado, além de agravantes como motivo banal e impossibilidade de defesa das vítimas. Somadas, as penas podem ultrapassar 80 anos de prisão.
Dias antes do crime, no domingo de Dia dos Pais, Nahatty publicou uma homenagem ao marido nas redes sociais. Na mensagem, afirmou que, durante a gestação, só havia recebido “amor, gratidão e a certeza de que a filha tirou a sorte grande” em tê-lo como pai.
