Juíza argentina é demitida por participar de documentário sobre morte de Maradona
Justiça argentina anula julgamento de equipe médica acusada de negligência na morte de Diego Maradona
A Justiça da Argentina destituiu nesta terça-feira (18) a juíza Julieta Makintach por ter participado de um documentário clandestino sobre o julgamento da morte de Diego Maradona, enquanto ainda fazia parte do tribunal. O escândalo levou à anulação do processo.
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O tribunal, formado por juízes, advogados e legisladores da província de Buenos Aires, decidiu por unanimidade que Makintach também fica impedida de ocupar novos cargos na Justiça. Ela tem 48 anos e não compareceu à audiência realizada em La Plata, a cerca de 60 km da capital.
O caso veio à tona em maio, quando o julgamento da equipe médica de Maradona — acusada de negligência na morte do ex-jogador em 2020 — ainda estava em andamento.
Imagens mostraram Makintach como protagonista de um documentário sobre o próprio processo. À época, a juíza foi afastada.
"O que se comprovou com este debate e provas é o enorme dano causado à Justiça da província e da Argentina, que foi ridicularizada", disse após a decisão Guillermo Sagués, presidente do colégio de advogados de San Isidro, que participou da acusação.
Na sala estavam Verónica Ojeda, ex-companheira de Maradona, e Diego, filho dos dois, de 12 anos. Eles se abraçaram após o veredicto.
Novo julgamento
A juíza Julieta Makintach chegando para audiência nesta terça-feira (27)
TOMAS CUESTA / AFP
"Foram cinco anos de muita luta da família, hoje estamos todos aqui para que essa juíza pague o que tem que pagar", afirmou Ojeda ao deixar o tribunal, ao lado do filho.
O advogado Mauro Baudry, que representa a família, disse esperar que agora o foco volte ao novo julgamento dos sete acusados de homicídio.
"Foi feito o que tinha que ser feito, hoje não deveríamos estar falando disso, mas sim julgando os homicidas de Diego Maradona", disse à imprensa ao sair do tribunal.
Durante o julgamento político, a procuradora-geral Analía Duarte acusou Makintach de mentir, pressionar testemunhas e usar recursos públicos em benefício próprio.
Após a anulação do julgamento pela morte do astro do futebol, foi marcada para 17 de março a data de início do novo processo.
'Justiça divina'
Diego Maradona durante coletiva de imprensa em Marselha, França, fevereiro de 2009
AP Photo/Claude Paris
"Voltar a acreditar na Justiça argentina é um alívio no coração. No meio de tanta merda, voltar a confiar já é muita coisa", escreveu Gianinna, uma das filhas de Maradona, em seu Instagram.
Em audiências anteriores, Makintach havia pedido absolvição. "Eu errei e nunca pude dimensionar que este material privado teria essas consequências monumentais. Peço perdão à família", havia dito.
A juíza destituída alegou que aceitou dar uma entrevista sem saber que fariam um documentário sobre o caso.
No entanto, o tribunal atendeu ao pedido da promotoria, que a acusou de mentir e autorizar a entrada da equipe de filmagem no tribunal.
O grupo capturou imagens das audiências para um documentário intitulado "Justiça divina", cujo 'trailer' foi encontrado em buscas.
Nele, via-se Makintach "desfilando" pelos corredores do tribunal, como acusou posteriormente a promotoria que defendeu sua destituição.
A descoberta do material audiovisual não autorizado jogou por terra mais de 20 audiências judiciais e 44 depoimentos, entre eles os das filhas de Maradona, Dalma, Gianinna e Jana, que terão que testemunhar novamente.
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