Ex-assessora de Lira 'exercia controle' sobre desvios de emendas do orçamento secreto; saiba o que diz a decisão do STF
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Mariângela Fialek, ex-assessora do deputado federal e ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), alvo de operação da Polícia Federal deflagrada nesta sexta-feira (12), era responsável pelo "controle de indicações desviadas de emendas decorrentes do orçamento secreto", segundo a decisão do ministro Flávio Dino, que determinou a operação.
A funcionária da Câmara foi alvo da Operação Transparência, deflagrada nesta manhã com o objetivo de apurar irregularidades na destinação de verbas públicas de emendas parlamentares. O deputado federal Arthur Lira (PP-AL) não é alvo das investigações.
"Mariângela Fialek, que desponta exercer o controle de indicações desviadas de emendas decorrentes do orçamento secreto em benefício de uma provável organização criminosa voltada à prática de desvios funcionais e crimes contra a administração pública e o sistema financeiro nacional", diz o ministro, na decisão.
Mariângela Fialek atua no setor que organiza a indicação de emendas parlamentares. Atualmente, ela trabalha na liderança do PP na Câmara.
Policiais fizeram buscas em salas utilizadas pela funcionária na Câmara e também na casa dela. Um celular de Mariângela foi apreendido na operação.
Um dos locais em que os policiais estiveram nesta sexta-feira é uma sala, que, nos registros da Casa, é destinada à Presidência da Câmara. O local começou a ser usado pela Mariângela em 2022, na gestão Lira. Há relatos de que era nessa sala que ela despachava sobre emendas.
No curso das investigações, foram colhidos os depoimentos dos deputados Glauber Braga (PSOL-RJ), José Rocha (União Brasil-BA), Adriana Ventura (Novo-SP), Fernando Marangoni (União Brasil-SP) e Dr. Francisco (PT-PI). Também foi ouvido o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG) e uma servidora da Câmara.
"Tais oitivas direcionaram as apurações à Representada, indicada como a principal responsável pela operacionalização do chamado 'orçamento secreto' no âmbito daquela Casa Legislativa", diz a decisão de Dino.
Ainda conforme o despacho do magistrado do STF, os depoimentos colhidos revelam que Mariângela Fialek atuava "diretamente na operacionalização do encaminhamento de emendas" e que efetuava as indicações em nome de Arthur Lira, ex-presidente da Câmara.
"Constatou-se, ainda, que, mesmo após a alteração na Presidência da Casa, ela permaneceu no exercício da função", diz o documento.
O g1 tenta contato com Mariângela, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem. Procurada, a assessoria de Lira afirmou que Mariângela não é sua assessora.
Já a liderança do PP na Câmara disse estar "averiguando todo ocorrido" e que deve se manifestar ainda nesta sexta-feira sobre o caso.FONTE: https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/12/12/ex-assessora-de-lira-exercia-controle-sobre-desvios-de-emendas-do-orcamento-secreto-saiba-o-que-diz-a-decisao-do-stf.ghtml