Delegado da PF, ex-auxiliar de Torres: quem é Fernando Oliveira, único réu do núcleo 2 absolvido pelo STF
16/12/2025
(Foto: Reprodução) Fernando de Souza Oliveira presta depoimento na CPI dos Atos Antidemocráticos, em Brasília
TV Globo/Reprodução
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) absolveu nesta terça-feira (16), por unanimidade, o delegado da Polícia Federal Fernando de Sousa Oliveira.
Oliveira era um dos seis réus do núcleo 2 da trama golpista – aqueles que, segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República, tinham gerenciado as principais iniciativas da organização criminosa.
O grupo era acusado de cinco crimes:
golpe de Estado;
abolição do Estado Democrático de Direito;
dano qualificado;
deterioração do patrimônio tombado; e
organização criminosa.
Relator do caso, o ministro Alexandre de Moraes votou por absolver Fernando de Sousa Oliveira de todas essas acusações. Os ministros Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Flávio Dino acompanharam o voto.
Maioria da 1ª turma do STF condena 5 réus do núcleo 2
Quem é o delegado?
À época dos ataques à Praça dos Três Poderes, Fernando de Sousa Oliveira chefiava a pasta interinamente, já que o titular da pasta, Anderson Torres, tinha viajado de férias para os Estados Unidos.
Em 2023, em depoimento à Polícia Federal, Oliveira disse que acreditava ter havido erro de execução da Polícia Militar no plano de segurança para a Esplanada dos Ministérios.
"Ocorreu erro operacional de execução da PM. Desde o sábado recebeu apoio, passou dezenas de informações desencontradas, inverídicas que não se confirmavam com a realidade dos fatos. Falavam em 600 homens e não tinham".
Em agosto deste ano, o delegado da PF foi suspenso por 34 dias do cargo como punição "pela condução da segurança pública local no período que antecedeu os eventos de 8 de janeiro de 2023", segundo portaria divulgada no Diário Oficial da União.
O que Fernando Oliveira já disse?
Interrogado no STF, Oliveira afirmou que Anderson Torres não fez uma transição antes de se afastar para uma viagem ao exterior na véspera do dia 8 de janeiro.
Ele afirmou ainda que o afastamento de Torres fez parte de uma série de surpresas e que até o gabinete do governador do DF e o comandante da PM também demonstraram não ter conhecimento da saída do titular.
De acordo com o delegado, Torres foi alertado das chances de atos violentos, mas manteve a afastamento.
“Questiono sobre a viagem, se não seria correto ele adiar a viagem… ele diz que demonstrava confiança na Policia Militar do DF e o PAI [Plano de Ação Integrada] que ele julgou que estava perfeito e na sequência mantém a viagem”.
Oliveira classificou o 8 de janeiro como o “maior ato de agressividade que viu na vida. Nunca vi tanto ódio e violência. Policiais foram guerreiros”.
No fim do interrogatório, Oliveira chegou a embargar a voz ao defender que agiu dentro da legalidade e tomou medidas para evitar atos violentos.