COP30 aprova acordos sem 'mapa do caminho' e com meta de triplicar financiamento

  • 22/11/2025
(Foto: Reprodução)
Presidente da COP diz que mapa do caminho fica fora dos texto final A Conferência do Clima (COP30) concluiu na tarde deste sábado (22) a aprovação de acordos negociados ao longo duas semanas em Belém. Sob aplausos da plenária, os trabalhos foram encerrados com aprovação de mais de uma dezena de textos, entre eles o documento "Mutirão Global: Unindo a humanidade em uma mobilização global contra a mudança do clima". O texto não cita os combustíveis fósseis, mas cria estruturas que ampliam a agenda de cooperação, organizam debates e inclui a meta de triplicar o financiamento para adaptação até 2035. O presidente da COP30, André Corrêa do Lago, também foi aplaudido após afirmar que o mapa do caminho não será abandonado. "Sei que todos estão cansados, sabemos que muitos de vocês tinham mais ambição para alguns temas e que a sociedade vai exigir mais. Eu prometo que vou tentar não desapontar vocês. Nós precisamos de mapas para que possamos ultrapassar a dependência dos fósseis de forma ordenada e justa. Eu vou criar dois mapas: um para reverter desmatamento e fazer transição para longe dos fósseis", anunciou o presidente. Apesar do compromisso, a decisão de Lago se trata de uma iniciativa exclusiva da presidência que não tinha consenso e não será citada no documento final. Criar um roteiro (mapa do caminho) para o fim do uso dessas fontes de energia virou um dos temas centrais da conferência. Na sexta-feira (21), a Colômbia anunciou que vai organizar uma conferência internacional sobre a eliminação gradual dos combustíveis fósseis. Ela deve ocorrer em abril de 2026, na cidade de Santa Marta, e será organizada em parceria com a Holanda. Atraso e disputas de bastidores Os textos aprovados refletem o ambiente de disputas entre governos que marcou a COP30, onde os negociadores preservaram consensos mínimos em um cenário de divergências profundas. Especialistas apontaram avanços pontuais e falta de ambição no rascunho final. Eles foram aprovados pelos representantes de 195 países depois de discussões que avançaram pela madrugada e foram encerradas somente na manhã de sábado, pouco depois das 8h. Especialistas veem avanços pontuais e falta de ambição no rascunho final da COP30 Destaques dos rascunhos Ao todo, serão analisados 17 documentos na plenária final. Veja abaixo os principais temas e destaques: MUTIRÃO A nova versão do texto batizado "Mutirão Global: Unindo a humanidade em uma mobilização global contra a mudança do clima" não introduz informações ao documento já divulgado na sexta (21), apenas acrescenta ligeiros ajustes formais e de clareza textual. Não há menção ao "mapa do caminho", como pontuado pelo presidente da COP, e sequer citação aos combustíveis fósseis. O texto que será levado a plenário apenas afirma: "Reconhece que a transição global para diminuir as emissões dos gases de efeito estufa e o desenvolvimento resiliente ao clima é irreversível e tendência do futuro". Reunião de negociadores da COP30 entrou pela noite, no último dia oficial da Conferência Por outro lado, o Mutirão cria novas instâncias de trabalho que ainda não respondem às questões centrais da conferência. O rascunho apresenta um acelerador de implementação, que reúne ofertas de apoio para ajudar países a avançar na execução de suas metas, e a Missão Belém para 1,5°C, organizada como um relatório coletivo a ser entregue na próxima COP. Nos dois casos, o texto descreve iniciativas de caráter voluntário e sem definição de metas ou prazos obrigatórios. Na prática, essas estruturas ampliam a agenda de cooperação e organizam debates que devem continuar ao longo de 2026. Elas reúnem países e instituições para identificar caminhos possíveis, mas ainda não estabelecem compromissos específicos sobre financiamento, adaptação ou redução de emissões. Por outro lado, o Mutirão incorpora referências sociais que raramente aparecem de forma tão clara nas decisões da COP. O texto reconhece a atuação de povos indígenas, pessoas afrodescendentes, comunidades locais, mulheres, crianças, jovens e outros grupos que vivem em maior vulnerabilidade climática. A decisão registra que esses públicos têm papel direto na proteção de territórios e no enfrentamento de impactos, e que seus direitos e conhecimentos devem ser levados em conta na implementação das políticas climáticas. O documento, porém, não define como essa inclusão será traduzida em ações específicas nos próximos anos. O texto também prevê triplicar o financiamento para adaptação até 2035, um prazo mais distante que o previsto no rascunho anterior, e volta a cobrar que os países executem plenamente suas metas climáticas (as chamadas NDCs), sem indicar novos instrumentos para garantir essa entrega. Na prática, o novo prazo adiou o esforço, contrariando o que países vulneráveis pediam. O texto também reafirma a meta de conter e reverter o desmatamento até 2030, mas não apresenta uma estratégia clara para isso. Em relação ao comércio internacional, registra que medidas comerciais não devem gerar discriminação injustificada e abre três diálogos formais sobre comércio e clima, previstos para os próximos anos. O pacote prevê ainda uma mesa ministerial, que é uma reunião formal entre ministros de vários países para tratar de temas considerados prioritários. Nesse caso, o encontro será dedicado à meta de mobilizar 300 bilhões de dólares para ação climática, com foco em destravar posições políticas e orientar os próximos passos das negociações sobre financiamento. Há também a expectativa de que a presidência da COP30 apresente, na plenária de encerramento, a chamada “Bússola da Transição de Belém”, um documento pensado para orientar os próximos passos de implementação. A ideia lembra um roteiro, mas ainda sem contornos definidos. FUNDO DE ADAPTAÇÃO A nova versão divulgada especifica o valor dos compromissos financeiros firmados para 2025, item que aparecia sem cifras fixadas no rascunho anterior. "Acolhe com satisfação as promessas de financiamento feitas para o Fundo de Adaptação, com a meta de mobilização de recursos de USD 300 milhões para 2025 [...], equivalente a USD 134,93 milhões, e agradece aos contribuintes que fizeram promessas plurianuais ao Fundo de Adaptação", descreve a versão final. MITIGAÇÃO No programa de mitigação de Sharm el-Sheikh, as alterações foram mínimas. A decisão mantém o plano funcionando até 2026 e reforça ações já previstas, como cooperação em florestas e resíduos. Não cria novas metas de redução de emissões, mas organiza o processo para que os países discutam medidas mais ambiciosas na COP31. PERDAS E DANOS A nova versão faz um detalhamento mais preciso dos compromissos financeiros dos países doadores e, assim como no caso do Fundo de Adaptação, define um valor especificado para as promessas. "Acolhe com satisfação as promessas de financiamento feitas ao Fundo pelos Governos da Islândia, Japão, Letônia, Luxemburgo e Espanha, e pelo governo da Região Valona da Bélgica, que [...] totalizam o equivalente a USD 817,01 milhões", descreve. GÊNERO Sobre o texto que se refere a gênero, as alterações foram muito sutis. Não há trechos com diferenças literais em relação ao texto divulgado anteriormente. Houve somente uma reorganização, detalhamento e expansão do conteúdo, especialmente nas tabelas de atividades, responsabilidades e prazos. FUNDO GLOBAL PARA O MEIO AMBIENTE (GEF) A decisão da COP30 sobre o GEF reconhece avanços e simplificações no fundo, mas alerta para possível queda de recursos no próximo ciclo. O texto cobra apoio contínuo a países em desenvolvimento, aceleração de processos, ampliação de agências em regiões pouco atendidas e novas contribuições aos fundos dos países mais vulneráveis. Também reforça salvaguardas e participação efetiva de povos indígenas. Repercussão dos novos textos A publicação dos novos textos repercutiu entre entidades e organizações, mesmo antes das plenárias oficias que marcam o fim da conferência. Para o Greenpeace, a proposta de texto final está "longe de ser uma resposta à altura da crise". "Não trata a crise como crise; não traz nem mapa e nem caminho para a transição para longe dos combustíveis fósseis e para o fim do desmatamento até 2030, e não garante que os recursos necessários para adaptação, absolutamente essenciais para os países em desenvolvimento, sejam de fato mobilizados pelos países desenvolvidos", afirma Carolina Pasquali, Diretora Executiva do Greenpeace Brasil. A Iniciativa do Tratado sobre Combustíveis Fósseis também criticou o texto e pontou é necessário um roteiro mais ambicioso, que priorize justiça, equidade, financiamento e urgência. "O resultado da COP30 ficou muito aquém do que o mundo precisa neste momento de múltiplas crises. [...] Não podemos nos dar ao luxo de esperar mais um ano por outro sinal político fraco enquanto comunidades queimam e se afogam", afirmou Kumi Naidoo, presidente da iniciativa. Já o Instituto Talanoa elogiou os avanços do texto na medida em que estabelece o objetivo de triplicar o financiamento para adaptação, mesmo que a decisão tenha ficado aquém do que se esperava. "Os países vulneráveis ao clima esperavam maior ambição, mas a decisão ainda pede de forma inequívoca que os países desenvolvidos aumentem imediatamente sua provisão de financiamento para adaptação, colocando-a em uma trajetória que permita alcançar", afirma Benjamim Abraham, especialista da Talanoa. Climainfo, por sua vez, afirmou que a COP30 merece reconhecimento por ter sido sediada na Amazônia e que espera que o resultado da cúpula reflita em mais proteção para o meio ambiente. “Marina Silva merece enorme reconhecimento por garantir que a COP30 mantivesse a ação contra fósseis e o desmatamento", afirmou Delcio Rodrigues, diretor executivo do ClimaInfo. COP30: rascunho de acordo é criticado por não citar redução de combustíveis fósseis nem origem de financiamento a países pobres Jornal Nacional/ Reprodução Participação em Belém A COP30 em Belém reuniu mais de 42 mil participantes de 195 países na Blue Zone, segundo dados preliminares do Ministério do Turismo e da Polícia Federal coletados entre 10 e 20 de novembro. O governo federal afirma que esta foi a segunda maior edição da história em público, atrás apenas da conferência realizada em Dubai. Próximas conferências: Turquia e Etiópia Um das decisões já divulgadas é sobre onde serão as próximas conferências: ficou definido que a Turquia será a sede da COP31 (2026) e a, Etiópia, sede da COP32 (2027).

FONTE: https://g1.globo.com/meio-ambiente/cop-30/noticia/2025/11/22/cop30-aprova-acordos-sem-mapa-do-caminho.ghtml


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