Como a destinação do Imposto de Renda transforma a vida de crianças atendidas pelo SUS
26/11/2025
(Foto: Reprodução) A história de Raquel Sgarbossa e do filho Vicente atravessa centenas de quilômetros, de Ponte Serrada (SC) até Curitiba, e revela como a destinação de parte do Imposto de Renda pode transformar a vida de crianças e adolescentes que dependem de tratamentos de alta complexidade no Sistema Único de Saúde (SUS). Com apenas 4 meses de vida, Vicente foi diagnosticado com miocardiopatia dilatada — uma condição que impede o coração de bombear sangue adequadamente e pode levar à insuficiência cardíaca.
Os primeiros sinais surgiram muito cedo. “Ele chorava muito, vivia irritado e não dormia à noite”, conta Raquel. Em um atendimento inicial, suspeitou-se de uma infecção de garganta, mas o quadro não melhorava. Preocupada, a mãe buscou novas avaliações. Após diversos exames, veio o diagnóstico: miocardiopatia dilatada, uma condição rara e grave que altera o tamanho dos ventrículos do coração.
A partir daquele momento, Vicente foi encaminhado diretamente para a UTI. “Se ele não respondesse ao tratamento, iríamos precisar ser transferidos para um centro de referência”, lembra. Depois de 47 dias internado em Chapecó, já com o quadro agravado, a transferência se tornou inevitável. A família conseguiu vaga no Hospital Pequeno Príncipe, referência nacional em cardiologia pediátrica.
No Pequeno Príncipe, acolhimento, tratamento e esperança
Em Curitiba, Raquel foi informada da gravidade do caso: a única alternativa para salvar a vida do filho seria um transplante de coração. “Minha vida desabou. Eu sabia pouco sobre doação de órgãos”, revela.
Com o apoio de outras mães, da equipe multiprofissional e do Programa Família Participante, que permite que os responsáveis permaneçam 24 horas por dia com as crianças hospitalizadas, Raquel encontrou apoio emocional para enfrentar a espera. “A espera é dolorosa, angustiante, mas cheia de fé”, relembra.
Vicente chegou ao Pequeno Príncipe em abril de 2024. Em agosto, veio a notícia que mudaria seu destino: “Recebemos a ligação dizendo que havia um coração. A sensação foi inexplicável. Gratidão, alívio, esperança… tudo ao mesmo tempo”.
O transplante foi um sucesso. “Vicente agora caminha, corre, come bem, toma os medicamentos. Meu filho é um milagre”, diz. A cicatriz no peito se transformou em símbolo de força. “Ele teve uma nova chance de viver e está desfrutando da infância pelo gesto de amor de uma família doadora”.
Além da equipe de cardiologia e da UTI da Cardiologia, Vicente recebeu suporte da psicologia, fisioterapia e do Família Participante. “Nos tornamos uma família. Passei a me sentir em casa. O cuidado, a paciência e a dedicação de todos os profissionais foram fundamentais”, ressalta Raquel.
Uma modalidade de doação com o potencial ainda pouco explorado no Brasil
Histórias como a de Vicente acontecem porque hospitais filantrópicos, como o Pequeno Príncipe, conseguem manter equipes altamente qualificadas e estrutura tecnológica avançada. Parte desse trabalho é viabilizada pela destinação de até 6% do Imposto de Renda devido, que pode ser feita tanto por pessoas físicas quanto jurídicas para projetos sociais certificados.
Apesar de ser um mecanismo simples, o uso ainda é baixo. Em 2024, o potencial de renúncia fiscal era de R$ 14,9 bilhões, mas apenas 2,5% desse valor chegou às instituições, segundo a Receita Federal. Enquanto isso, hospitais filantrópicos — responsáveis por atender cerca de 75% da população, que depende do SUS — enfrentam subfinanciamento e defasagem de repasses.
Para o Pequeno Príncipe, que realiza 74% dos atendimentos pelo SUS, esses recursos ajudam a manter:
equipes multiprofissionais especializadas;
programas de humanização e apoio psicossocial;
atividades educacionais;
tecnologias e infraestrutura para atendimentos complexos;
pesquisas científicas e qualificação profissional.
Quando um contribuinte destina parte do seu imposto, apoia diretamente histórias como a de Vicente — possibilitando diagnósticos, tratamentos, transplantes e recomeços.
Como doar?
Certificar-se de que a declaração de IR seja realizada pelo modelo completo.
Calcular até 6% do imposto devido – seja a pagar ou a restituir (o contribuinte pode usar o simulador disponível no site www.doepequenoprincipe.org.br).
Solicitar o boleto de doação pelo formulário disponível no site www.doepequenoprincipe.org.br ou pelo Whatsapp (41) 99962-44614.
Efetuar o pagamento do boleto até o dia 26 de dezembro e guardar o comprovante para inserir o valor no momento da declaração.
Outras orientações sobre a destinação e como declarar podem ser encontradas no site www.doepequenoprincipe.org.br
Saiba mais sobre a instituição
Com sede em Curitiba (PR), o Hospital Pequeno Príncipe é o maior e mais completo hospital pediátrico do Brasil. Há mais de cem anos, oferece assistência humanizada e de alta complexidade a crianças e adolescentes de todo o país, atuando em 47 especialidades e realizando transplantes de rim, fígado, coração, ossos e medula óssea.
A instituição mantém 369 leitos — 76 deles de UTI — e realiza 74% de seus atendimentos pelo SUS. Em 2024, promoveu 259 mil atendimentos ambulatoriais, 20 mil procedimentos cirúrgicos e 293 transplantes.
Reconhecido como hospital de ensino desde a década de 1970, formou mais de dois mil especialistas e integra o Complexo Pequeno Príncipe ao lado da Faculdades Pequeno Príncipe e do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe.
Em 2025, foi listado entre os 70 melhores hospitais do mundo pela revista Newsweek e reconhecido como Hospital de Excelência pelo Ministério da Saúde — reafirmando seu compromisso com a assistência, o ensino e a pesquisa em pediatria.