Aliados de Lula avaliam que governo erra ao usar na segurança a mesma estratégia da PEC da Blindagem
20/11/2025
(Foto: Reprodução) A estratégia deu certo na PEC da Blindagem. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva orientou o PT a votar contra a proposta, por entender que ela era rejeitada pela população. Funcionou. Tanto que, no Senado, a PEC foi enterrada e arquivada, sem ser votada em plenário.
Agora, Lula quer repetir a dose. Não gostou do movimento do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), que entregou a relatoria da Lei Antifacção a um adversário e passou a criticar o texto aprovado pelos deputados.
Só que o PL Antifacção, batizado posteriormente de Marco Legal de Combate ao Crime Organizado, pode não ser tão rechaçado pela população.
Pelo contrário, pode ser apoiado. Afinal, endurece as penas contra o crime organizado. E o Senado não vai arquivá-lo. Pode mudá-lo, e deve, sim, fazer ajustes, mas será votado e aprovado.
Veja os vídeos que estão em alta no g1
O texto aprovado na Câmara dos Deputados tem, realmente, suas falhas grosseiras. Tenta tirar recursos da Polícia Federal. Cria duplicidade na legislação que vai ser usada por advogados de criminosos para se livrarem das penas.
Além disso, cria uma série de requisitos para o perdimento de bens de criminosos que acaba dificultando a medida.
Por outro lado, o governo poderia ter dito que ganhou ao barrar a tentativa do relator, Guilherme Derrite (PP-SP), de enfraquecer a PF.
Evitou ainda que as mudanças fossem feitas na Lei contra o Terrorismo. Foram vitórias do governo, que ele poderia estar capitalizando. Dizendo que apoia várias medidas do projeto, mas vai trabalhar para corrigir os erros grosseiros cometidos na Câmara.
Afinal, não dá para ter um discurso que pode ser usado pela oposição como um governo contra endurecer penas do crime organizado.
O tema da segurança pública está no topo das preocupações da população. E o Centrão e o PL estão tentando transformar as críticas do governo em uma posição contra o projeto que endurece penas contra o crime organizado.
Talvez desse mais resultado aprovar a lei, como planejou inicialmente o PT, mas criticar os pontos que deseja retirar ou aperfeiçoar.
Base aliada
Por outro lado, a troca de críticas entre Lula e o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, pode desandar todo trabalho de reorganização da base aliada na Câmara e dificultar votações nesta reta de final de ano. E a lista não é pequena. PEC da Segurança Pública, LDO e o Orçamento da União de 2026.
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, vinha negociando juntamente com Hugo Motta a reorganização da base aliada, mas o presidente da Câmara dos Deputados deixou muito claro que em temas da direita fica ao lado do Centrão e do PL, e não com o governo Lula.
Lula discursa na abertura da COP em Belém
Reuters/Adriano Machado
